Ocorrência de fármacos e produtos de cuidado pessoal em águas e sedimentos de estuários de área protegida de São Luís (Maranhão, Brasil)
Autor: Marisa de Jesus Silva Chaves (Currículo Lattes)
Resumo
Neste estudo investigou-se a ocorrência sazonal e espacial de 33 fármacos e produtos de cuidado pessoal (PPCPs) em amostras de águas superficiais e sedimentos dos rios Anil e Bacanga, localizados em área protegida de Importância Internacional da Convenção de Ramsar, influenciada por descarga de efluentes. As amostras aquosas foram preparadas pela técnica de extração em fase sólida, enquanto que para os sedimentos, foi aplicado o método QuEChERS. A determinação foi feita por LC-MS/MS. Ambos os métodos utilizados foram validados, apresentando coeficientes de correlação linear superiores a 0,99 e recuperações entre 50% e 120%. Dos 33 PPCPs estudados, na estação seca, 09 foram detectados em amostras de água e 12 em sedimentos, enquanto que na estação chuvosa, detectou-se 12 em água e 07 em sedimentos. Nas amostras aquosas, a cafeína foi identificada com maior frequência (86% dos pontos amostrais) em níveis de 40,5 a 13.798,2 ng L-1, seguida pelo acetaminofeno (455,3 - 1.694,9 ng L-1), ibuprofeno (112,7 - 319,5 ng L-1), sulfametoxazol (60,4 - 118,7 ng L-1 ) e carbamazepina (19,7 - 83,0 ng L-1). Já nas amostras de sedimentos, os analitos mais frequentemente detectados foram o triclocarban (1,4 - 1.318,3 ng g-1) e o filtro solar benzofenona-3 (4,6 - 16,5 ng g-1). Foi possível identificar maiores concentrações dos analitos na estação seca e em pontos amostrais próximos aos emissários das estações de tratamento de efluentes. Verificou-se assim, grande influência da urbanização e ação antrópica na contaminação ambiental por PPCPs na área estudada. Além disso, os níveis de acetaminofeno, cafeína, carbamazepina, ibuprofeno, propranolol, triclosan e triclocarban medidos são suficientes para induzir efeitos deletérios em organismos aquáticos. Essas descobertas indicam ameaças potenciais à biodiversidade supostamente protegida e, portanto, são necessárias ações urgentes para proteger efetivamente essa área única e vulnerável.