Dissertação - Juliane Natália Lima da Silva

Amostradores passivos como ferramenta de avaliação da biodisponibilidade de compostos organoestânicos em água

Autor: Juliane Natália Lima da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

A demanda por estudos que avaliem espaço-temporalmente os níveis de contaminantes no ambiente aquático é crescente na medida em que se ampliam as fontes de contaminação oriundas de ações antrópicas. Dentre as etapas que fazem parte desse tipo de estudo, a amostragem é de extrema importância. As técnicas convencionais de amostragem de água são caracterizadas por coletas discretas e pontuais que, para serem representativas, exigem uma maior frequência amostral. Em geral, esta técnica tem baixa sensibilidade e requer o processamento imediato de grandes volumes de amostra, sendo trabalhosa, demorada e de maior incerteza analítica. Como alternativa, a amostragem passiva vêm sendo cada vez mais empregada devido as vantagens da técnica. Os amostradores passivos acumulam os contaminantes passivamente durante o período de exposição e integram temporalmente as quantidades acumuladas de cada analito, sendo considerada uma técnica de maior sensibilidade. Dentre os amostradores mais utilizados na literatura, a borracha de silicone se destaca por ser barato, robusto e de fácil implantação. Este amostrador é indicado para compostos hidrofóbicos e, no presente estudo, foi utilizado de forma inédita como ferramenta de amostragem para avaliar os níveis de tributilestanho (TBT), dibutilestanho (DBT) e monobutilestanho (MBT) na coluna de água do estuário da Lagoa dos Patos (RS). Previamente, foi desenvolvido e validado um método analítico para a determinação dos butilestânicos (BTs), foram calculados os coeficientes de partição amostrador-água (Kpw) e o tempo ideal de amostragem. Antes das exposições, os PDMS foram fortificados com Compostos de Referência de Desempenho (CRD), utilizados para calcular as taxas de amostragem entre a água e o amostrador. Em campo, foram realizadas, durante 2018, cinco exposições com duração de aproximadamente oito semanas cada. Os amostradores foram extraídos por Soxhlet (acetonitrila com ácido acético a 2% (v/v)), derivatizados com tetraetilborato de sódio, purificados com sílica e analisados por cromatografia de fase gasosa acoplada a detector de espectrometria de massas (CG-EM). As recuperações do padrão de recuperação (tetrabutilestanho) variaram entre 58 e 106%, os LD do método variaram entre 0,04 e 1,2 pg Sn L-1 e os LQ do método variaram entre 0,13 e 0,41 pg Sn L-1 para os três BTs. Os analitos foram quantificados em todas as amostras, com concentrações entre 0,9 e 3,9 pg Sn L-1 para TBT, 11,1 e 18,2 pg Sn L-1 para DBT e 28,9 e 153 pg Sn L-1 para MBT. As baixas concentrações com predominância dos metabólitos indicam um perfil de contaminação antiga, sem indícios de aportes recentes de TBT, estando os valores de TBT abaixo dos limites estabelecidos como seguros tanto pela legislação brasileira, quanto internacional.

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Palavras-chave: QuímicaAmostragem passiva de águaBiodisponibilidadeTributilestanhoPolidimetilsiloxanoContaminação aquáticaAmbiente aquático